terça-feira, 28 de setembro de 2010

Prisão domiciliária...


Xiii, estou preso em casa, ela não me deixa sair de maneira nenhuma. Já lhe perguntei se posso pelo menos sair na segunda feira, que é dia dos bichos, mas ela diz que é um caso a pensar, que logo vê como vai estar o meu nariz. É que andei metido em sarilhos e voltei para casa com um arranhão no nariz, para juntar a uma ferida que já cá estava e que não anda a querer sarar. Agora ela mantém-me fechado e diz que só saio quando estiver curado. Quem me manda achar que posso andar à bulha com os outros gatos? Eu não consigo resistir às provocações, eu tento, mas eles insistem, e eu lá tenho de andar à estalada com os outros gatos, para lhes mostrar quem é o Elvis. Só que às vezes fico com marcas, e então ela põe-me de castigo em prisão domiciliária.
Leva o tempo todo a buzinar-me aos ouvidos que quando me levar para a cidade, eu já não apareço em casa todo encardido, todo roto com arranhões e cardadas, cheio de sementes de ervas, com as unhas nojentas... pudera, depois vou viver fechado... acho que vou fugir de casa antes de ela me levar, ai vou mesmo... hummm, e depois onde é que vou comer? É melhor esperar para ver, afinal eu até nem me importo quando ela não me deixa sair, fico deitado o dia todo, e não me mexo a não ser para ir comer ou beber água, e não tenho de ouvir as provocações do outros gatos da rua, e de fazer esforço para não brigar com eles. É que isso cansa, tanto ter de resistir como andar à estalada com eles. Deve ser por isso que ela me chama preguiçoso, só porque eu fico refastelado todo o santo dia, e nem me digno olhar pela janela... começo a ficar conformado, afinal ela mima-me tanto, que se calhar vale a pena o cativeiro.

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